As debêntures são títulos de empresas de sociedades anônimas com alta valorização, a maior quando se fala em investimentos de renda fixa.
Quando uma empresa quer investir em alguma coisa, ela precisará de dinheiro, e uma das formas de conseguir o capital, é fazer a emissão de debêntures.
O nome não é transparente, mas o investidor em debêntures vira credor da empresa, ajudando-a com os investimentos e, em troca, recebe o pagamento do valor depositado mais os juros combinados.
Neste guia, você vai conhecer tudo sobre debêntures. Vamos lá?
O que são Debêntures?
Debêntures são títulos de dívida emitido por empresas privadas para investir em seus projetos com capital de terceiros.
No momento em que você compra títulos do Tesouro Direto, você empresta dinheiro para o Governo, quando você investe em debêntures, você empresta o dinheiro para as empresas.
A empresa pode pegar emprestado do Banco e pagar os juros para o mesmo, ou pode emitir debêntures e pagar os juros para os investidores, tanto pessoa física como pessoa jurídica.
Como funciona as Debêntures?
A empresa cria um projeto, quer antecipar/diminuir a taxa de juros da dívida ou ter mais caixa, então decide emitir debêntures.
Os investidores que investem em debêntures, ajudam a financiar a empresa em suas atividades e, recebem pagamento de juros sobre o capital emprestado.
As debêntures são o intermediário entre a empresa privada para com os investidores.
Por que as empresas emitem debêntures?
Você já deve ter ouvido:
“Com dinheiro se faz dinheiro”.
A maioria das empresas tem o seu ROI (retorno sobre investimento) maior que os juros da dívida.
E muitas empresas não pagam as dívidas pois conseguem abater imposto mais tarde.
Olhando para esses 3 pontos, faz sentido ela abrir um projeto de investimento com o ROI definido e, ao invés de buscar dinheiro em 2 ou 4 bancos, emite para o público geral.
A empresa também pode optar por diminuir os juros da dívida, ou seja, ter uma dívida de 6% ao ano e reduzir para 3% ao ano.
Ou simplesmente, estar mais preparada quando o “cavalo encilhado” passar, ou seja, aumentar o seu caixa.
De modo geral, são esses os motivos para uma empresa emitir títulos de dívida, para ter certeza, leia a escritura de emissão e conhecerás o motivo certo.
Quem pode emitir debêntures?
Todas as empresas de sociedades anônimas podem emitir debêntures, independente se for de capital aberto ou fechado.
No entanto, para fazer uma oferta pública de debêntures, precisa ser empresa de capital aberta e estar regulada junto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O ato de emissão é definido na assembleia geral de acionistas, com condições e critérios para investimento.
Um ponto a ressaltar é, as companhias abertas podem decidir sobre a emissão de debêntures sem consultar os acionistas.
Quais são os tipos de Debêntures?
As debêntures podem ser classificadas de formas diferentes em seu registro:
Debêntures Nominativas
Como o nome já sugere, a debênture nominativa está inscrita no nome da pessoa sob o seu CPF, escrita no livro da companhia emissora, dessa forma, a transferência e a custódia fica sem intermediário.
Debêntures Escriturais
Essas por sua vez, também estão no livro da companhia emissora. Porém, a custódia fica por conta do intermediário no nome do investidor, geralmente uma corretora de valores.
O pagamento dos juros podem ser feito de várias maneiras, o que acaba gerando mais uma classificação para esse título de crédito privado, que podem ser conversíveis, simples, permutáveis, participativas e perpétuas.
Debêntures conversíveis
Como o nome possivelmente já sugere, as debêntures conversíveis podem ser convertidas em participação acionária.
Nesse caso, o investidor escolhe se vai querer receber os juros ou vai querer receber em ações da companhia.
Debêntures simples
As debêntures simples são o arroz com feijão, você recebe o que foi combinado no momento acordado. Podem ser chamadas de debêntures não conversíveis.
Debêntures permutáveis
Funcionam igual as debêntures conversíveis, o que a faz de diferente é o fato de poder ser trocada por ações de outras companhias, não necessariamente a companhia emissora.
Debêntures perpétuas
Como o nome sugere, essas debêntures não tem prazo de vencimento.
Dessa forma, o investidor receberá juros com frequência definida no momento da emissão, tanto o intervalo como a taxa de rentabilidade.
Debêntures participativas
Essas por sua vez, disponibilizam parte do lucro da empresa para o credor.
Como funciona a rentabilidade de uma Debênture?
A rentabilidade da debênture tem semelhança com a rentabilidade do Tesouro Direto, veja:
Pós-fixadas
A debênture pós-fixada rende uma porcentagem de um índice, pode ser CDI, Selic ou IPCA. Geralmente é a taxa CDI.
Nesse caso, não há como definir o preço que você receberá no vencimento, dado que o índice é volátil.
Por exemplo, 125% do CDI.
Prefixadas
Essas por sua vez, funcionam com uma rentabilidade fixa definida no momento da compra.
Dessa forma, há como saber quanto dinheiro você terá em seu vencimento.
Por exemplo, 5,5% ao ano.
Híbridas
A rentabilidade híbrida é uma taxa pós-fixada juntamente com a prefixada.
Por exemplo, IPCA + 2,7% ao ano.
Debêntures Tributação
As debêntures estão sujeitas ao imposto de renda e ao imposto sobre operações financeiras de acordo com a tabela regressiva.
Como esse investimento na renda fixa corre um pouco mais de risco, o Governo para auxiliar criou uma lei e separou as debêntures em incentivadas e comuns, observe:
Debêntures incentivadas
Desde 2011, a lei 12.431 regulamenta a isenção de impostos quando ajuda o país em serviços de infraestrutura.
Então, quando você investir em uma debênture, observe se ela é uma debênture incentivada, dessa forma, será isenta de impostos.
A isenção de imposto é um benefício, mas não deve determinar na escolha da debênture.
Comuns
Na debênture comum não há a isenção de impostos.
Custos
Para investir em uma debênture, há o custo de corretagem e o custo de custódia.
Na maioria das grandes corretoras, os dois custos são isentos.
O que não significa que a corretora não ganhará nada, pois certamente está repassando ao investidor uma porcentagem menor do que descrito na escritura, chamamos isso de spread.
Qual o prazo das Debêntures?
Não há um prazo específico. No mercado secundário, você pode comprar com vencimento curto.
No mercado primário, ou seja, o primeiro a comprar a debênture, o prazo geralmente é de alguns anos.
Quando é uma debênture incentivada, o prazo mínimo é de 4 anos.
Debêntures tem garantia do FGC?
Não. As debêntures não tem a garantia do FGC, geralmente a segurança vem dos ativos da empresa.
Na escritura de emissão, estará uma das 4 garantias a seguir:
Debênture com garantia real
Usará os ativos próprios e de terceiros para pagar os debenturistas. Esses ativos precisam estar descritos no contrato e não podem ser negociados.
Nesse caso, o crédito das debêntures podem passar o capital social, mas não mais do que 80% do mesmo.
Debênture com garantia flutuante
Segue o mesmo princípio da garantia real, porém, os ativos pode ser negociados sem aviso prévio.
Limite total é definido por 70% do ativo, caso passe do capital social da empresa.
Debênture quirografária
Também conhecida como sem preferência. Essa garantia não garante a preferência por meio de ativos próprios ou de terceiros, ou seja, o debenturista quirografário entra na “mesma fila” dos credores.
Por sua característica, é limitado ao valor do capital social da empresa.
Debênture subordinada
“Essas são as boas”. Não tem limite para emitir e, em caso de liquidação, os acionistas receberão depois dos que tiverem debêntures subordinadas, ou seja, quem estiver com essa “garantia” receberá por penúltimo.
Quais os riscos das Debêntures?
Não tem garantia do FGC e algumas das garantias não são boas, com isso, o risco de crédito torna-se alto, famoso “calote”.
Aqui, nesse investimento a frase torna-se verdadeira:
“Quanto maior o risco, maior o retorno.”
Para observar qual é o verdadeiro risco da empresa, veja o caixa, como consegue gerar lucro e o principal, o seu rating, que mede o nível de comprometimento com o pagamento de dívidas.
Inegavelmente, também há o risco chamado de “marcação a mercado” caso você venda antecipadamente, que ocorre quando a taxa de juros muda de rentabilidade.
Debêntures é renda fixa ou variável
Como você consegue ter uma previsibilidade de retorno sobre o investimento pós vencimento, é considerado investimento de renda fixa.
Liquidez das Debêntures
As debêntures são negociadas no mercado secundário, dessa forma, você consegue transformar o seu título em dinheiro em pouco tempo.
Não há muita liquidez e, cada instituição pode ter um sistema diferente para a negociação, entre em contato com a sua.
Dessa forma, fica claro que a negociação não acontece pelo home brocker.
Debêntures no Balanço Patrimonial
Como as debêntures são capital de terceiros, para a empresa aparecerá em passivos.
Então, no balanço mostrará da seguinte maneira:
Passivo circulante caso o vencimento seja antes de 1 ano e passivo não circulante caso o prazo ultrapasse 360 dias.
Mínimo para Investir
Não há um preço definido para cada título, mas ao contrário dos títulos públicos, onde se consegue comprar 0,01 P.U. (preço unitário), nas debêntures o mínimo é 1 P.U..
Dessa forma, o P.U. do título de crédito da empresa custa perto dos R$ 1.000,00 e você só compra múltiplos de P.U..
Com isso, caso o título custe R$ 1.200,00 e você tenha 2 mil reais, ao investir nessa debênture, só vai comprar 1 P.U. e lhe custará 1.200 reais.
Caso você gostaria de 2 P.U., teria que investir R$ 2.400,00. No Tesouro Direto você consegue investir praticamente os 2 mil reais, no exemplo, compraria 1,66 P.U..
Qual a diferença entre Debêntures e ações?
Quando você tem debêntures, você é credor, a empresa deve para você. Quando você tem ações, você é acionista da empresa, ou seja, você é sócio.
Como investir em Debêntures
Com todas essas informações, tenho certeza que, caso você investir, investirá em algo que conheça e não olhará apenas para a rentabilidade.
Abra uma conta
Para investir em uma debênture, você precisará de um intermediário, ou seja, de uma instituição financeira.
Faça o cadastro e veja as opções disponíveis.
Leia a escritura de emissão
Após ver as opções disponíveis – você lerá o contrato para investir em algo que conheça. Lembre-se:
“O risco vem de não saber o que está fazendo”.
Warren Buffett
Observe atentamente a garantia, como será o retorno e o vencimento do título.
Verifique o rating da companhia emissora, esse indicador sinalizará o comprometimento da companhia para com as suas dívidas.
Análise da empresa como empreendedor
Se hoje uma pessoa viesse te pedir dinheiro emprestado, você gostaria de saber mais informações sobre ela, não é mesmo?
Então, como tudo está disponível, aproveite para ver o lucro líquido, a situação da dívida atual e por o que ela essa empresa emitiu debêntures.
Enfim, veja a empresa com olhos de dono(a), assim você saberá a importância do dinheiro que está sendo pedido.
Após os olhos de donos, “volte para os seus” e diga se faz sentido investir nessa ou em outra debênture, até achar uma, caso queira encontrar.
Invista
Com dinheiro na conta, abre a opção renda fixa e clique em cima da debênture. Insira o valor a ser investido (lembrando que há um múltiplo, geralmente de 1.000 reais).
Pronto, após clicar em investir, o seu dinheiro estará trabalhando para você.
Debêntures vs bond
Os dois são títulos de empresa privada. As debêntures são negociadas no Brasil e as Bonds são títulos de dívida negociados nos EUA.
Debêntures ou Tesouro Direto?
Aqui a escolha é bastante pessoal. Você investindo em debêntures, corre um pouco mais de risco e, conseguentemente, tem um prêmio por isso (recebe mais juros), enquanto no tesouro direto a segurança é a principal amiga.
Debêntures ou CDBs?
Não tem resposta, uma você financia as atividades do banco e, em outra, financia as atividades da empresa.
Vai depender muito da garantia da empresa e do rating que estamos comparando.
Novamente, em caso de segurança, a debênture perde para o CDB.
Conclusão
O investimento em debênture vem crescendo dado a confiança das pessoas em empresas resilientes e, por descobrir mais investimentos além da poupança, CDBs e outros.
Com os juros baixos, as debêntures, por apresentar um pouco a mais de rentabilidade, pode se tornar mais popular.
Dessa forma, as empresas serão beneficiadas, gerando mais empregos, novas ideias e o PIB do país crescerá!
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